domingo, 17 de agosto de 2008

Eu, à mão livre

Fruitless. Pointless.

Gosto de tudo e de todos, quando eles estão bem longes. Gosto do Acre, agora que saí de lá. Gosto de Boston, enquanto não vou. Gosto da Fê, agora que ela está em outro continente.

Faço planos, muitos planos. Vivo? Não sei. Às vezes acho que a coisa mais viva que deixo chegar perto é a dor. Dor física mesmo. E aí dói tudo: minha garganta, meu pulmão, meu pescoço, meu joelho, minha cabeça, minha bexiga, minha barriga. Acho que entendo o porquê. É preciso ter algo orgânico, algo vivo, perto/dentro de mim.

Eu me escondo e quero trancar todas as portas. A internet me oferece uma vitrine do mundo. Coisas para comprar e incorporar, ver se encho o vazio. Fico com medo de alguém vir olhar o que estou fazendo, o que estou vendo. Crio um mundo doido, cheio de desejos, fantasias e amigos imaginários. Faço listas de quais pedidos eu faria para o gênio da lâmpada (sim, sou louca, bienvenue para quem só percebeu agora).

Você pode me perguntar se precisa ser assim. Não, não precisa. Tenho opções, tenho escolhas, tenho amigos, posso preencher com programas e companias. Mas é estranho, sempre foi. O desconforto, o medo (estão aqui, sempre estiveram, apenas algumas vezes mais, outras menos). Quando menos, é só uma hesitação, uma vergonha, um não saber do que falar, um medo do silêncio constrangedor. Quando mais, é um abismo. As pessoas felizes, as práticas, as simples, as resolvidas, todas elas do lado de lá. Sinto raiva das pessoas sem travas. Sinto raiva da felicidade obrigatória. Sinto raiva e desanimo.

E aí tem o texto, agora nesse formato louco de blog. Meu íntimo, agora publicado, para quem quiser saber. Escancarar a loucura, abrir para o mundo, vestir a casaca? Ou simplesmente estetizar os sentimentos, transformar o conteúdo em forma, virar o poeta fingidor que sente o que deveras sente, mas cuja forma aliena a mensagem e se torna o estandarte? Depois de terminar esse texto, irei relê-lo. Se estiver ficado bom, vou sentir orgulho de mim mesma e não vou mais pensar no que estava pensando. Vou só esperar que os outros gostem. Não sei se isso é uma tábua de salvação ou um cinto de pedras. Não sei.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu gostei, fica tranquila.