sexta-feira, 13 de junho de 2008

Fools on the hill

Abençoados sejam os vira-latas.
Os pedrestes numa noite de chuva.
Os cantores com calos na garganta.
Os garçons com síndrome do pânico.
Os cientistas que perderam a razão.
O paciente que perdeu a conta.
O poeta que perdeu o ritmo.
O impaciente que fica na fila.
O pai que fuma.
O diabético que não ignora a Páscoa.
O argelino que mora em Paris.
O paquistânes que tem que ir a Washington.
O vestibulando que encontra o portão fechado.
E os escritores, aos montes:
Aquele que perdeu o prazo.
Aquele que tomou um não.
Aquela cuja família leu a crítica ruim.
Aquele que cometeu um erro de português.
Aquele que sente vergonha do que escreve.
Aquele que nunca vende.
Aquele que sempre esquece os nomes das palavras.
Aquele que parou de sonhar.
E o que não sabe como terminar.

Um comentário:

Roberto Wolvie disse...

Eu amo esse texto, de verdade.
Eu sou um fool on the hill. pelo menos quando sou genuímo e não tento ser mais do que sou por pressão do mundo. Missão inglória (e esse é o sentido todo da coisa, a não-glória) essa de perceber seu valor onde ninguém está olhando.